Traficantes da Vila Candoza, em São Gonçalo, liderados pelo traficante conhecido como Pai, monitoravam a ação da polícia desde a RJ-104, na altura da passarela do Coelho. O esquema, desmanchado nesta sexta-feira (12), contava com um monitoramento realizado através de câmeras de segurança espalhadas pela localidade, que serviam para avisar os traficantes em caso de operações policiais, sejam elas da Polícia Militar ou Civil.
Segundo a Polícia Civil, foi uma ação realizada em conjunto com o 7°BPM com saldo positivo diante do material apreendido. Atualmente, o Terceiro Comando Puro (TCP), facção criminosa que atua na região, estaria funcionando como uma espécie de milícia, cobrando por serviços considerados essenciais em troca da ‘paz’ com os moradores.
Em um dos pontos da localidade foi encontrado uma central de internet clandestina na Rua João Antero. A prestação do serviço, segundo a polícia, é cobrada. Inclusive, cartazes com propaganda do serviço da empresa clandestina foram encontrados com preços variando entre R$ 50 e R$ 90. Estima-se que cerca de duas mil pessoas sejam usuárias do serviço irregular. O que representa um valor médio de R$ 75 por cliente, ou seja, lucro de cerca de R$ 150 mil mensal para o tráfico.
Ainda de acordo com a polícia, a empresa não tem liberação para funcionamento e está em desacordo com as leis da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Além disso, no local, funcionava um esquema de furto de energia, já que a central puxava eletricidade de um abatedouro localizado ao lado do estabelecimento.
A proprietária do imóvel, que disse ter alugado o espaço para um homem, de identidade não revelada, foi levada para a Delegacia do Alcântara (74ªDP), onde ficou detida e responderá pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e furto de energia.
Durante buscas na região, os policiais encontraram as câmeras de segurança de alta definição que monitoravam a presença de policiais na região.
Em outro ponto da localidade, foi encontrada uma central de distribuição de cestas básicas, que seria de propriedade do líder do tráfico de drogas da região, o Pai. Segundo a polícia, a tática era utilizada para ganhar popularidade com moradores, produtos distribuídos oriundos de roubos de cargas.
Já próximo ao muro com a descrição em grafite “Bem Vindo a Vila Candoza” foi encontrado um bar, onde foram apreendidas grande quantidade de bebidas alcoólicas e cigarros contrabandeados, que, segundo a polícia, não possuem nota fiscal e teriam sido produtos de roubo de carga. A Policia Civil investiga se o local é frequentado por criminosos e tem alguma ligação com o tráfico de drogas local.
“Seguiremos realizando ações de combate a criminosos que desafiam a lei e levam o temor aos moradores de bem”
Gilmar Tramontini, comandante do batalhão de São Gonçalo (7°BPM)
Durante o patrulhamento de policiais militares na localidade foram encontrados três homens em atitude suspeita, sendo um menor. Com o trio, foram apreendidos uma pistola, um rádio transmissor e grande quantidade de drogas.
Os presos na ação e todo o material apreendido foram levados para a Delegacia do Alcântara, onde o caso foi registrado.
Soldados do crime
Segundo o especialista em segurança pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), José Ricardo Bandeira, o tráfico se utiliza dessas cobranças para aumentar o lucratividade sem ter que gastar com 'soldados' do crime.
"O tráfico da drogas vislumbra a diversificação de rendas e aumento de sua receita através da exploração dos serviços ilegais. Essas atividades geram grandes lucros e tem um custo operacional mais baixo, pois não demandam o investimento na compra de drogas e não necessitam de grande quantidade de homens armados"
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